A maioria das pessoas tem um caderno para escrever isto e aquilo que lhes apeteça escrever.. e aquele caderno está dedicado a isso mesmo. Eu, pelo contrário pego numa folha, guardanapos, o que estiver à mão para passar para o papel os meus sentimentos da altura. Quando chego a casa, espalho-os, ora ponho em cima da cama, da secretária.. isto quando não ficam nos bolsos das calças que vão para lavar e nunca mais os vejo.
Volta sim, volta não, quando resolvo arrumar o meu quarto, encontro algumas dessas folhas soltas.. leio.. ás vezes gosto e acho que estava inspirada, outras vezes penso, que parvoíce.. que idade é que eu teria quando escrevi isto!
Na minha mais recente arrumação encontrei imensas coisas que marcaram a minha infância com a minha irmã e com a minha prima. Eramos umas miúdas muito à frente.
Encontrei umas letras que nós escreviamos, muito revoltadas com o mundo, embora só tivessemos 10 anos.
Ler aquilo fez-me lembrar com imensa saudade as nossas lutas na piscina na boia gigante da joão, a casa velha da Maria.. a cozinha e a casa de banho destinada ás experiencias dos cremes, os quais a avó São simpáticamente fazia de cobaia.. As maldades com a Iris a dizer-lhe que ela tinha nascido no caixote do lixo!
E quando resolvemos ser empresárias e decidimos ir roubar amoras e pinhões na escolinha e vender no muro com uma caixa registradora da chico! Não esquecer as pastilhas que eram a grande atracção e que nós iamos comprar ao café e vendiamos mais barato! Desde cedo se notou a nossa vocação para o negócio!
Ahhh e a mítica fuga ao homem da motoreta que era maneta!! Lindo, lindo.. e quando me pregaram aquela mentira do dia das mentiras sobre o leão que fugiu do jardim zoológico e que não podiamos sair de casa porque achavam que o leão estava no algarve! E eu, que para me vingar, inventei que o jardineiro queria falar qualquer coisa (que já não me lembro bem o quê) com a mãe e que acabou por ser mesmo verdade.. (saí-me bastante mal)!
O maluco do Pedro que nos punha a conduzir o Skoda com almofadas debaixo do rabo!
A gaivota que nos roubou a bola das raquetes, que um simpático rapaz com a sua prancha foi resgatar...
Aquelas camas que ficaram sem molas de nós tanto saltarmos em cima delas a cantar músicas contra o Cavaco Silva.. (com as nossas vastas noções sobre política)!
E quando o teu Zé Paulo nos mostrou Prodigy.. não lembra a ninguém pôr miúdas com 10/ 11 anos a ouvir Prodigy.. mas nós adoramos.. adormeciamos a ouvir o Music for the Jilted Generation, mas saltavamos sempre a primeira música porque tinhamos medo! eheh Era assustadora! E a escolha de Prodigy como banda sonora para adormecermos fazia prever umas crianças muito desequilibradas!
Recordo estes momentos com imensa saudade e com um sentimento de felicidade incontrolável! Tivemos uma infância cheia de coisas boas.. e o melhor é nem continuar porque de repente já me estava a lembrar de mais 30.000 coisas! As imitações de Pedro Abrunhosa, a bisca debaixo dos lençóis, as competições músicais com o manson..tchi.. foi tudo muito fixolas!! :)
Não sei se isto interessa a alguém, mas deu-me tanto gozo e fez-me tão feliz que quis partilhar.. sei que quem viveu estes momentos connosco se vai sentir tão feliz ao recordá-los como eu me estou a sentir agora!
Que saudades da nossa inocência!
Um beijo a todos e..
ps-> que venha o fim de semana manal!!
3 comentários:
Adorei...
Quantos de nós recordamos momentos fantásticos que tivemos quando tinhamos 10 anos +/-? Com essa idade divertiamo-nos com tudo. Tudo para nós eram experiências arriscadas, ou divertidas, ou perigosas, ou tinhas mesmo uma noção de diversão oposta ao que para nós é hoje diversão...
Gostei de saber que quando eras mais nova negociavas muito bem o preço das coisas...
beijinho grande, perdão,
Beijo grandinho...
Beijo
São idades lindas, de pura inocência!! Também gosto relembrar...
Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
Fernando Pessoa
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