quarta-feira, outubro 25, 2006

Páginas Soltas

A maioria das pessoas tem um caderno para escrever isto e aquilo que lhes apeteça escrever.. e aquele caderno está dedicado a isso mesmo. Eu, pelo contrário pego numa folha, guardanapos, o que estiver à mão para passar para o papel os meus sentimentos da altura. Quando chego a casa, espalho-os, ora ponho em cima da cama, da secretária.. isto quando não ficam nos bolsos das calças que vão para lavar e nunca mais os vejo.
Volta sim, volta não, quando resolvo arrumar o meu quarto, encontro algumas dessas folhas soltas.. leio.. ás vezes gosto e acho que estava inspirada, outras vezes penso, que parvoíce.. que idade é que eu teria quando escrevi isto!
Na minha mais recente arrumação encontrei imensas coisas que marcaram a minha infância com a minha irmã e com a minha prima. Eramos umas miúdas muito à frente.
Encontrei umas letras que nós escreviamos, muito revoltadas com o mundo, embora só tivessemos 10 anos.
Ler aquilo fez-me lembrar com imensa saudade as nossas lutas na piscina na boia gigante da joão, a casa velha da Maria.. a cozinha e a casa de banho destinada ás experiencias dos cremes, os quais a avó São simpáticamente fazia de cobaia.. As maldades com a Iris a dizer-lhe que ela tinha nascido no caixote do lixo!
E quando resolvemos ser empresárias e decidimos ir roubar amoras e pinhões na escolinha e vender no muro com uma caixa registradora da chico! Não esquecer as pastilhas que eram a grande atracção e que nós iamos comprar ao café e vendiamos mais barato! Desde cedo se notou a nossa vocação para o negócio!
Ahhh e a mítica fuga ao homem da motoreta que era maneta!! Lindo, lindo.. e quando me pregaram aquela mentira do dia das mentiras sobre o leão que fugiu do jardim zoológico e que não podiamos sair de casa porque achavam que o leão estava no algarve! E eu, que para me vingar, inventei que o jardineiro queria falar qualquer coisa (que já não me lembro bem o quê) com a mãe e que acabou por ser mesmo verdade.. (saí-me bastante mal)!
O maluco do Pedro que nos punha a conduzir o Skoda com almofadas debaixo do rabo!
A gaivota que nos roubou a bola das raquetes, que um simpático rapaz com a sua prancha foi resgatar...
Aquelas camas que ficaram sem molas de nós tanto saltarmos em cima delas a cantar músicas contra o Cavaco Silva.. (com as nossas vastas noções sobre política)!
E quando o teu Zé Paulo nos mostrou Prodigy.. não lembra a ninguém pôr miúdas com 10/ 11 anos a ouvir Prodigy.. mas nós adoramos.. adormeciamos a ouvir o Music for the Jilted Generation, mas saltavamos sempre a primeira música porque tinhamos medo! eheh Era assustadora! E a escolha de Prodigy como banda sonora para adormecermos fazia prever umas crianças muito desequilibradas!
Recordo estes momentos com imensa saudade e com um sentimento de felicidade incontrolável! Tivemos uma infância cheia de coisas boas.. e o melhor é nem continuar porque de repente já me estava a lembrar de mais 30.000 coisas! As imitações de Pedro Abrunhosa, a bisca debaixo dos lençóis, as competições músicais com o manson..tchi.. foi tudo muito fixolas!! :)
Não sei se isto interessa a alguém, mas deu-me tanto gozo e fez-me tão feliz que quis partilhar.. sei que quem viveu estes momentos connosco se vai sentir tão feliz ao recordá-los como eu me estou a sentir agora!
Que saudades da nossa inocência!
Um beijo a todos e..
ps-> que venha o fim de semana manal!!

3 comentários:

.:bruno:. disse...

Adorei...
Quantos de nós recordamos momentos fantásticos que tivemos quando tinhamos 10 anos +/-? Com essa idade divertiamo-nos com tudo. Tudo para nós eram experiências arriscadas, ou divertidas, ou perigosas, ou tinhas mesmo uma noção de diversão oposta ao que para nós é hoje diversão...
Gostei de saber que quando eras mais nova negociavas muito bem o preço das coisas...
beijinho grande, perdão,
Beijo grandinho...
Beijo

Anónimo disse...

São idades lindas, de pura inocência!! Também gosto relembrar...

Anónimo disse...

Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa