quinta-feira, março 08, 2007

Para quem tiver paciência para ler

Mais uma conversa com um amigo e mais um post que surge! Desta vez a temática foram os amigos...ou melhor, a minha relação com os meus amigos, sendo que no fundo, no fundo estava uma tentativa de análise da minha pessoa. Isto surge no seguimento dos anos de um grande amigo meu.. de longa data, mas com quem eu tenho passado cada vez menos tempo. Rumos diferentes, escolhas de vida, enfim, uma série de factores que fazem com que o nosso grupo se tenha dispersado e isso não interessa minimamente para o caso.
Quem me conhece sabe que eu tenho uma necessidade enorme de mudança, de conhecer pessoas novas.. embarcar em cenas que não lembram a ninguém, correr riscos.. pensar pouco nas consequências dos meus actos.. enfim.. eu gosto de fazer as coisas porque me apetecem no momento e se me apetece faço, ponto. Os meus amigos mais próximos sabem disso.. sabem que se eu desaparecer durante uns tempos, é porque ando entretida com os meus novos amigos ou com aquilo que me apetecer fazer na altura, mas volto sempre á base, mais tarde ou mais cedo. Claro que isto pode fazer confusão.. eu percebo que faça, pode parecer falta de consideração pelas pessoas.. egoísmo extremo, mas eu gosto das pessoas, preocupo-me com elas, a sério. Mas é imperativo ligar constantemente, responder ás mensagens de aniversário de natal de páscoa e de carnaval para ser amiga?? Eu distingo os meus verdadeiros amigos precisamente por aí.. são aqueles com quem posso contar mesmo que ande desaparecida anos. A minha prima é, sem dúvida alguma, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ela veio estudar para lisboa e durante 2 anos praticamente não nos vimos, via-a muito mais vezes quando ela morava em leiria do que quando ela se mudou para cá. Mas sempre que ela ou eu precisavamos uma da outra cá estavamos. Ela andava numa fase.. eu andava noutra.. estavamos bem isso é que importa! Actualmente estamos inseparáveis, não consigo passar 2 dias sem falar com ela, se calhar daqui a uns meses ficamos mais não sei quanto tempo noutra onda.. qui ça.. o que interessa é estarmos bem e sermos felizes (por muito cliché que isto possa parecer)!
A inconstância sempre fez parte da minha vida e eu adoro, chego agora a essa conclusão.
Durante os últimos 2 anos da minha vida achei que devia atinar, fazer as coisas como ditam as regras. Ter um namorado calminho, nada de grandes devaneios, fazer aquela vidinha que não dá para as pessoas falarem... normal! A Renata não chumbou porque foi para uma festa no dia anterior a um exame, a Renata não desapareceu para o fim do mundo sem avisar ninguém.. não! Achei que era isso que eu precisava. Porque isto de fazer o que nos apetece e sermos felizes é terrível.. dá pano para mangas. Ninguém para de falar.. inventam-se as coisas mais inacreditáveis para denegrir a imagem de uma pessoa que faz aquilo que quer. As frustrações das pessoas têm de recair sobre alguém.. e nada melhor que recair sobre uma pessoa que não o é. Meio mundo diz que nos adora, outro meio mundo diz que nos detesta e o mal pesa sempre mais quando fazemos a nossa avaliação pessoal, e foi assim que a Renata passou para o lado dos constantes. Achei que tinha finalmente amadurecido. Estava no bom caminho para me tornar mais uma dos milhões de pessoas frustradas deste mundo. Agora já podia criticar a vida boémia e inconsciente das outras pessoas. Em compensação tinha de me comportar com moderação, responder ás mensagens e pensar no que dizia, porque as outras pessoas podiam pensar que...
Aprendi algumas coisas, bastantes coisas, embora não tenham feito de mim uma pessoa mais feliz.
Á uns tempos escrevi no blog um excerto de um livro do luigi pirandello, (que por sinal ninguém comentou) que perguntava "se por vezes têm uma leve sensação de não serem para os outros os mesmos que para vocês, que fazem? " Eu optei por mudar e adaptar-me aquilo que supostamente era correcto.. não vivi para mim, mas vivi-me de outra forma. E fez-me chegar á conclusão, não de que a opinião dos outros não interessa para nada, mas de que só a opinião de alguns interessa realmente... a das pessoas, de quem nós realmente gostamos (um pleonasmozinho ajuda sempre a dar ênfase á coisa).
Como amiga acho que é necessário dar espaço aos nossos amigos para se viverem de diferentes formas, e se irem descobrindo. Isso não significa que não gostamos deles, muito pelo contrário, respeitar o seu espaço é uma grande prova de amizade.
O meu regresso ao mundo dos vivos deve-se a três miguéis, o primeiro abanou a minha consciência (O Miguel), o segundo (Ventura Pacheco) levou-me a acção e o terceiro (Esteves Cardoso) levou-me á concretização deste post! Sendo que o Ventura Pacheco,( o tal "amigo" da conversa que deu origem a este post) desempenhou um papel fulcral. Por dois motivos, primeiro porque puxou o tópico desenvolvido neste post, segundo porque as circunstâncias em que nos conhecemos, (pode ser que um dia escreva, mas já não vai ser hoje) foram a causa que me levou a repensar, completamente, a vida que estava a levar, foi o grande impulsionador da minha redefenição. Já valeu a pena por isso!! ;)
Em conclusão, cada pessoa desempenha o seu papel na vida de cada um, marcam momentos, uns mais importantes que outros, outros mais duradoures que outros, (não resisto a uma bela redundância) outros passam ao lado! Os que interessam ficam sempre lá.. no matter what!